Alfredo Vieira
A Quinta do Convento dos Frades situa-se na freguesia de Vialonga a cerca de quinhentos metros do Lugar da Verdelha do Ruivo, encaixada no talvegue do ribeiro da Alfarrobeira. Fundada em 1546 por D. Pedro de Alcáçova Carneiro, foi originalmente um convento de frades franciscanos. Ao longo dos séculos, nomeadamente entre os séculos XVII e XX, sofreu construções e modificações das quais restam alguns vestígios, dado que sofreu uma nova reconstrução, em 1961, que o salvou da ruína.
Estes lugares dos arrabaldes de Lisboa eram bastante procurados pelo sossego e pela qualidade das suas águas que brotavam da serra. Essas águas eram canalizadas através de aquedutos, que chegavam depois às quintas, hortas e conventos. Com o Terramoto de 1755 muita da nobreza escolhe esta zona, nomeadamente a margem norte do Trancão, para construir os seus palacetes e mansões, daí existir muitas casas brasonadas nas freguesias dos Tojais e de Vialonga, algumas delas em completa ruína devido ao seu abandono e à incúria das autoridades competentes, como é o caso do Hospital da Flamenga, onde sobressai uma capela setecentista com um conjunto de azulejaria barroca, até há pouco tempo preservado, mas o tempo vai-se encarregar de a destruir devido ao desprezo a que está votada.
Este quadro de Monteiro representa o que resta do aqueduto da Quinta do Convento dos Frades. É uma bela pintura de cariz figurativo, ou impressionista, para ser mais técnico, e que pode ser a última recordação de um lugar e de um tempo.
São pintores figurativos como Monteiro que nos deixam as derradeiras imagens de locais que deveriam ficar na história. O tempo, a fome desenfreada do progresso e a construção desregrada acabam por perder na memória dos tempos lugares de paz, meditação e cultura, como foram os conventos e mosteiros de lugares que na sua época eram recônditos, servindo de recolhimento aos monges e freiras, que buscavam o retiro para a sua completa entrega a Deus.
Esta obra, para além do carácter histórico, demonstra a decrepitude de um lugar, apesar de preservado. Parece contraditório, mas é desta forma que o pintor o olha e transmite para a tela. A observação atenta da pintura reflecte o que parece um monumento megalítico num espaço perdido, apesar de se notar na perfeição a construção em pedra, já que o artista é minucioso e procura dar todos os pormenores do lugar, dando vida à tela, apesar de estarmos perante duas vertentes interessantes: uma natureza morta, as ruínas do aqueduto, e toda a vida que fervilha à sua volta através da natureza.
Monteiro é um pintor que começa a aparecer cada vez com mais frequência nos escaparates das exposições. Falta-lhe muito pouco para atingir o que se pode chamar de estrelato no seu campo pictórico. Talvez a sua grande capacidade de produção lhe retire tempo para procurar galerias de expressão superior àquelas onde até agora tem exposto. A sua colecção dos Barcos do Tejo e a que se segue, a dos comboios antigos da CP, deveriam projectá-lo para o lugar que tem de ocupar na cultura portuguesa ao lado dos grandes mestres da pintura portuguesa.
Estes lugares dos arrabaldes de Lisboa eram bastante procurados pelo sossego e pela qualidade das suas águas que brotavam da serra. Essas águas eram canalizadas através de aquedutos, que chegavam depois às quintas, hortas e conventos. Com o Terramoto de 1755 muita da nobreza escolhe esta zona, nomeadamente a margem norte do Trancão, para construir os seus palacetes e mansões, daí existir muitas casas brasonadas nas freguesias dos Tojais e de Vialonga, algumas delas em completa ruína devido ao seu abandono e à incúria das autoridades competentes, como é o caso do Hospital da Flamenga, onde sobressai uma capela setecentista com um conjunto de azulejaria barroca, até há pouco tempo preservado, mas o tempo vai-se encarregar de a destruir devido ao desprezo a que está votada.
Este quadro de Monteiro representa o que resta do aqueduto da Quinta do Convento dos Frades. É uma bela pintura de cariz figurativo, ou impressionista, para ser mais técnico, e que pode ser a última recordação de um lugar e de um tempo.
São pintores figurativos como Monteiro que nos deixam as derradeiras imagens de locais que deveriam ficar na história. O tempo, a fome desenfreada do progresso e a construção desregrada acabam por perder na memória dos tempos lugares de paz, meditação e cultura, como foram os conventos e mosteiros de lugares que na sua época eram recônditos, servindo de recolhimento aos monges e freiras, que buscavam o retiro para a sua completa entrega a Deus.
Esta obra, para além do carácter histórico, demonstra a decrepitude de um lugar, apesar de preservado. Parece contraditório, mas é desta forma que o pintor o olha e transmite para a tela. A observação atenta da pintura reflecte o que parece um monumento megalítico num espaço perdido, apesar de se notar na perfeição a construção em pedra, já que o artista é minucioso e procura dar todos os pormenores do lugar, dando vida à tela, apesar de estarmos perante duas vertentes interessantes: uma natureza morta, as ruínas do aqueduto, e toda a vida que fervilha à sua volta através da natureza.
Monteiro é um pintor que começa a aparecer cada vez com mais frequência nos escaparates das exposições. Falta-lhe muito pouco para atingir o que se pode chamar de estrelato no seu campo pictórico. Talvez a sua grande capacidade de produção lhe retire tempo para procurar galerias de expressão superior àquelas onde até agora tem exposto. A sua colecção dos Barcos do Tejo e a que se segue, a dos comboios antigos da CP, deveriam projectá-lo para o lugar que tem de ocupar na cultura portuguesa ao lado dos grandes mestres da pintura portuguesa.
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