quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A imprensa portuguesa e as eleições americanas

Começamos por abrir os jornais, os sítios da comunicação social na internet, deparamo-nos com inúmeros textos de opinião sobre as eleições americanas, os candidatos a presidente e a vice-presidente. Escreve-se sobre tudo, sobre as opções e o posicionamento político nacional e internacional dos vários intervenientes – o que é de louvar, pois estamos perante uma das maiores potências do mundo, onde se joga muito do que se pode passar no mundo –, mas depois comenta-se todos os fait-divers, como a saia de uma senhora, os óculos de outra, o tempo que um foi aplaudido em relação ao outro, a vida pessoal dos candidatos é esquadrinhada a régua e esquadro.
Será que não há nada de mais importante para se comentar? Não se deveria deixar esses temas para os jornais americanos especializados, os chamados tablóides? É que existem tantos problemas no país para comentar que me faz confusão os órgãos de comunicação social, que tenho por sérios, pagarem avenças, muitas delas chorudas, para publicar assuntos que não o são.
Se passarmos os olhos pelos jornais de referência internacionais não encontramos tantos artigos, quer de opinião, quer de actualidade, sobre as eleições americanas como os portugueses. É óbvio que dedicam atenção, pois trata-se de umas eleições importantes, mas dão especial destaque aos assuntos nacionais, os comentadores opinam sobre os temas do país. Em Portugal, com tantos problemas, como o desemprego, os baixos níveis salariais, as reformas de miséria, a insegurança, a justiça, a corrupção generalizada, as elevadas taxas de impostos, das mais altas da Europa, o custo dos derivados do petróleo, a deslocalização de empresas e encerramento de outras, reformas sociais importantes por fazer, os nossos fazedores de opinião só se lembram de escrever sobre os candidatos, as esposas dos candidatos, as filhas dos vice-candidatos, dos seus óculos e da sua roupa.
Deveriam as direcções dos órgãos informativos ponderar, sem retirar a liberdade de informação e de escrita, olhar para este pobre país tão mal governado e tão mal informado, pois continuamos a abrir telejornais, a fazer manchetes de assuntos internacionais que nos outros países a informação não dedica mais de poucos segundos.
Alfredo Vieira

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